Thursday, October 25, 2012

Jornal Paralelo


Foi lançado nesta terça-feira (23) o nosso jornal, o Paralelo!

Ele é um jornal laboratório que busca ser uma alternativa à grande mídia.

Confira abaixo a versão digital do Paralelo:


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Monday, June 11, 2012

O Lado Escuro da Rua


A calada da noite em Londrina não é tão silenciosa quanto parece

Adriana Gallassi, Alessandra Galletto e Clara Simões

Avenida Rio de Janeiro, 20h30.

Um ambiente iluminado com uma luz aconchegante, uma linda decoração, não bastam para fazer do bar um local agradável. A melodia que toca ao fundo define o astral da noite. É ai que Bethânia Paranzini, 29 anos, e Samuel Muniz, 31, entram nessa história, ou o bar entra na história deles.
           A música faz parte da vida de Bethânia desde muito cedo. Quando ainda era criança ela já tocava piano clássico, lá em Cianorte. Aos 17 anos, veio para Londrina, fazer o curso de Música na Universidade Estadual de Londrina, UEL. Nessa época ela já se interessava de alguma forma pela noite, isso porque, como o curso na UEL era vespertino, Bethânia aproveitava para sair a noite e ver como a música estava sendo executada nas casas de Londrina.
           Bethânia conheceu as rodas de choro e também conheceu  Samuca – o Samuel Muniz – e se envolveram, primeiro pela música, paixão em comum dos dois. Samuca veio de São Sebastião, litoral de São Paulo, e se encantou pelo choro quando um amigo lhe apresentou um disco, no qual Rafael Rabello , violinista e compositor brasileiro, tocava. Quando ouviu, pensou “quero tocar assim”. Foi dessa maneira que resolveu comprar seu primeiro disco de choro, uma coletânea do livro “Do quintal ao municipal” de Henrique Cazes.  Comprou somente por causa de Rabello, não conhecia mais nenhum nome do disco. Até que veio a Londrina para fazer o Festival de Música e descobriu que os professores que iriam dar aula eram aqueles desconhecidos do disco dele. Fez uma oficina de choro e se encantou.
           Nas rodas de choro, Samuca tocava violão e Bethânia participava cantando, mas como o choro é essencialmente instrumental, Samuca propôs que Bethânia aprendesse a tocar cavaco, para participar mais das rodas. Ele aprendeu a tocar cavaco para ensiná-la. “O Samuca foi a minha âncora na música popular”, conta Bethânia.  Esse relacionamento que começou pela música, continuou com ela sendo parte importante na vida dos dois. Eles se casaram, com direito a roda de choro na festa. O noivo tocou, a noiva cantou, e assim foi por doze horas.
           Hoje os dois tocam juntos, mas não fazem somente isso. Samuca dá aulas de violão em casa. Bethânia trabalha no projeto de canto coral, “Um canto em cada canto”, com musicalização em ensino regular com educação infantil e fundamental I , e dá aula de voz em casa. Ela afirma que eles ainda encontram tempo para tocar na noite e para sair também.
           “Eu acho que é bacana porque todo mundo sai a noite com aquela esperança de tirar um pouco a sobrecarga do dia”, afirma Bethânia, sobre o trabalho à noite. Ela lembra ainda, de uma mulher que ficou a noite toda sentada perto deles e no fim da apresentação disse-lhes,  “nossa, eu estava tão estressada do trabalho, como foi bom escutar vocês”.  Para Bethânia isso é gratificante.  Samuca também gosta de tocar na noite, ele declara, “Da mais prazer tocar na noite. Poder colocar em prática aquilo que estudamos (...) até porque quando a gente começa na música, não começa pensando em dar aula, não, você quer tocar. Acho que o prazer do músico é estar tocando. É o que da mais motivação”.
           Mas eles não escondem as dificuldades. “Acho que a maior dificuldade, para o tipo de som que eu faço, está sendo as casas. Eu entendo o lado das casas também, eles estão pensando comercialmente, eles tem que vender. Ai, já não é culpa deles (...) É difícil ir contra a mídia”, desabafa Samuca. “Londrina é uma cidade em que a música está muito voltada para um meio universitário, eu brinco que nós somos um dos poucos resistentes. A gente não vai fazer o que as pessoas estão acostumadas a ouvir. A gente faz o que a gente gosta. Trabalhar na noite, pra mim, é levar um tipo de música que,  com exceção da Rádio Universidade,  em alguns momentos, você não escuta com tanta facilidade. Então é proporcionar a escuta de músicas que as pessoas pensem  ‘pera lá, é música brasileira, mas eu não conheço’”, explica Bethânia.
           Ao perguntar para eles o que a música significa na vida deles hoje, a resposta é igual: tudo. “Tudo. Porque eu respiro música, eu faço música, eu penso música”, declara Bethânia. E Samuca completa, “Atualmente, é tudo. Não tem mais como usar outra palavra. Toda vez que tento deixar de lado, só me dano. Tem coisa que a gente, talvez, nasce para fazer”.





Avenida Higienópolis, 3h25 da manhã

Ninguém realmente quer que aquele telefone celular toque. Apesar de ser sua profissão, apesar de que se ele nunca tocar não haverá trabalho, ninguém quer. Apenas a primeira ligação é comum: os paramédicos, médicos e enfermeiros que chegam para o turno da noite em torno das sete horas recebem o telefonema para verificar quem está de plantão, e se todos já estão disponiveis. A partir daí vem a espera. Distrai-se para que o tempo passe mais rápido, televisão ligada em uma sala de estar simples e grande. Café, jantar, livros, computadores. Hora ou outra olha-se para o celular de transmissão à rádio e imagina-se aquele som estridente, que geralmente leva a outros sons ainda mais estridentes.
Luis Carlos de Melo, mais conhecido por Carlinhos, é motorista de ambulância e socorrista há 19 anos, e trabalha na SOS Unimed e na prefeitura de Cambé há 6 anos. É casado há 15, tem dois filhos e um neto. Em seis dos sete dias da semana, ele trabalha em plantões em postos de emergência, em dois turnos de doze horas, com apenas uma hora de tempo livre, que geralmente usa para ir de Londrina a Cambé. “Nunca saberia como é uma rotina normal, trabalhar num escritório e voltar para casa no fim da tarde. Minha vida é à noite”.
Numa jornada de trabalho tão extenuante, Luis Carlos dedica suas 24 horas de folga à família. O stress provocado pelo trabalho não consegue abatê-lo. “Sou apaixonado pelo que faço. Tenho outra ocupação, sou marceneiro, mas gosto demais do que eu faço. Primeiro, dirigir. Segundo, dirigir a ambulância. Quando estou nela, a sirene ligada na cidade, indo resgatar alguém, eu me realizo”. “Todo o stress que tenho no serviço é compensado quando chego em casa e pego meus filhos no colo, apesar de agora pegar só o neto, meus filhos já são grandes demais”, acrescenta entre risos.
O telefone de emergências enfim toca. Breves informações são dadas à equipe de socorro; uma mulher liga em desespero dizendo que sua vizinha brigou com o namorado e ateou fogo a seu próprio filho, ainda no carrinho. “Eu ia todos os dias no HU para ver o acompanhamento da criança. Foi um dos acidentes que mais me chocou. Mais de 90% do corpo do bebê foi queimado. Em dois ou três dias foi necessário amputar um de seus braços. No quarto dia, uma das pernas. Ficou internado em torno de uma semana e não resistiu”. Carlos trancou a mãe da criança dentro da ambulância e deixou a mulher trancada em uma sala no hospital até que a polícia chamada para levá-la.
Há cerca de um ano e meio, o socorrista salvou a vida de um jovem baleado em um acidente. Em Cambé dois jovens discutiram durante uma festa de fim de semana. Um deles estava armado. No momento em que ele tirou a arma do bolso, a arma disparou sozinha, e o tiro feriu sua artéria carótida. Na época, a Santa Casa de Cambé não possuía UTI, e o jovem foi encaminhado até a Santa Casa de Londrina. “Carlinhos, se demorar mais quinze minutos para chegar, ele vai morrer”, disse o enfermeiro que acompanhava Carlos na ambulância naquela noite. O socorrista conseguiu salvar sua vida.
Há poucos meses Carlinhos saiu com a família e os amigos para aproveitar um fim de semana jogando futebol. O mesmo jovem de tempos atrás estava lá. Jogaram juntos, mas ele não reconheceu o homem que o havia salvado. Depois da partida, Carlos conversou com o jovem, que agradeceu e se emocionou ao descobrir quem ele era. “Salvar, eu não salvei ele; Deus foi quem me pôs ali para estar onde ele estava. (...) O pessoal abusa muito da bebida nestas festas e bares, faz tudo ficar muito perigoso”.                
“Todo mundo trabalha porque precisa, mas eu acho que para trabalhar na área da saúde precisamos ter algo a mais. A vida de uma pessoa depende das nossas escolhas; um medicamento, uma dosagem errada pode matar alguém. Em um computador, uma pessoa comete um erro, apaga, deleta; em um escritório, se algo está errado, amassa o papel e imprime outro. Aqui nossos erros podem ser fatais”.



Rua Alagoas, 4h00 da manhã
Enquanto a cidade dorme, Antônio Camargo Vieria e sua mulher, Vera Camargo Vieira, trabalham para garantir o pão de cada dia. O café da manhã é ainda na madrugada e a montagem da barraca é uma tarefa executada com capricho e ordem com cada legume, verdura e fruta em seu lugar. Ainda no silêncio da madrugada, eles ajeitam daqui, arrumam dali, deixando tudo no seu canto certo antes do dia amanhecer. O encontro entre a singela vida no campo com o mundo movimentado da cidade mostra seus contornos enquanto o dia ainda nem raiou.  Assim acontece toda semana na vida de seu Antônio e dona Vera, um casal com mais de 30 anos de matrimônio e representantes da simplicidade e do amor ao trabalho. Unidos de muita simpatia e boa vontade são uma amostra dos legítimos trabalhadores brasileiros. Campeões premiados pela prestação de serviço e responsabilidade com os alimentos na horticultura.
Para entender esse conjunto de elogios só mesmo conhecendo essa história de sucesso contada pelos seus protagonistas. Antônio teve a profissão herdada de seus pais. Desde de pequeno, ele ajudava seu pai a plantar e colher as frutas e verduras. “Eu era praticamente um pivete e eu, meus irmãos e meus pais fomos trabalhar num plantio de horticultura porque a minha família tinha bastante dificuldade financeira.” Ele fala da grande emoção que tinha de poder trabalhar ao lado de seus pais. “Eles tinham amor pelo que faziam e me passaram esse amor. Sempre gostei de trabalhar aqui e era melhor ainda quando eu podia trabalhar ao lado de meus pais”. Além da luta para conseguir espaço no mercado, a vida também reservava outras surpresas para seu Antônio, além de alfaces e brócolis. “Eu e Vera nos conhecemos numa quermesse. E eu apostei com um senhor que eu iria namorar ela. E, assim foi. Namoramos durante três anos e depois nos casamos”.
               O esforço, a responsabilidade e o comprometimento geraram reconhecimento. A história de vida do casal é uma demonstração do amor ao trabalho e compromisso com o meio ambiente e a saúde dos fregueses. A vida de feirante não é fácil. Para tanto sucesso é preciso trabalhar, trabalhar e trabalhar. “Eu gosto muito disso aqui, tanto que eu já parti para outros ramos, mas eu não consegui ficar não”, comenta dona Vera. Apesar de ser uma vida bastante sacrificada – acordar em plena madrugada e ainda ter que preparar a mercadoria, depois de uma noite exaustiva de trabalho – o casal garante gostar bastante do que faz. E consideram-se bons no que fazem! Segundo Antônio, o segredo é a simpatia e a educação na hora de conversar com os clientes. “Tem que ser muito simpático e educado. Já vi vendedores com bons produtos que não vendem bem porque não sabem atender os clientes”, diz ele. Antônio acredita que um bom produto pode até ser vendido uma vez, mas, se o cliente não for bem atendido, irá procurar outra barraca na segunda oportunidade. Além disso, há um tratamento diferenciado para os fregueses mais fiéis. "Tem freguês que já virou amigo. Até ligam antes, pedindo pra gente separar mercadoria. Fora os descontos que têm que ter, até pra atrair cliente novo". Antônio deixou bem claro toda a paixão que tem pelo emprego. “É um trabalho que engrandece (...) feirante gosta de ser feirante", comenta.
Apesar da vida sacrificada, Antônio não se imagina em outra profissão, pois ama o que faz: “Meus clientes são as coisas mais importantes para mim depois da minha família”. O feirante fala muito do carinho sobre as amizades nascidas em seu ambiente de trabalho, afirmando que as feiras são especiais porque é o tipo de comércio onde o vendedor e o consumidor possuem um grande vínculo de amizade. Depois de um dia de tanto trabalho é hora de voltar para casa, mas engana-se quem pensa que o trabalho acaba aqui. Logo inicia-se o ciclo novamente. Seu Antônio e Dona Vera terminam essa feira, mas ainda têm simpatia de sobra, mais para dar do que para vender.





Wednesday, October 26, 2011

UEL promove atividades no Dia do Servidor Público

Pelo terceiro ano consecutivo, a Universidade Estadual de Londrina comemorou o Dia do Servidor Público com um dia inteiro reservado para atividades voltadas para os funcionários da UEL. A data é celebrada no dia 28 de outubro, porém, como a universidade estará em recesso neste dia, as atividades foram antecipadas em uma semana e ocorreram no dia 21.
Jemim Lima canta no palo do CEFE
         O dia de atividades é realizado desde 2009 por uma iniciativa da Coordenadoria de Comunicação Social (COM), em parceria com a Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRORH) e apoio do Serviço de Bem-Estar à Comunidade (SEBEC) e da Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade (DASC). Das 9 ás 17 horas, a comunidade universitária pôde aproveitar os serviços e apresentações realizados no Ginásio João Santana, do Centro de Educação Física e Esportes (CEFE).
Segundo Lourdes Marchesine, relações públicas da Coordenadoria de Comunicação Social da UEL e uma das organizadoras do evento, o objetivo das atividades é motivar e valorizar o servidor público, além de promover uma confraternização entre eles e a comunidade universitária. “O intuito é que as pessoas saiam, ao menos por alguns minutos, do seu local de trabalho e venham obter informações sobre saúde, conferir novidades ou ter informações sobre sua situação funcional com o PRORH, por exemplo”, disse Marchesine.
Através de parcerias com instituições da cidade, a organização proporcionou aos servidores atividades como o corte de cabelo realizado por alunos de cursos profissionalizantes do SENAC, sessões de massagens da Fisiomedic e uma Oficina de Maquiagem oferecida por técnicos da loja de produtos de beleza Léo Cosméticos – todas as atividades foram gratuitas. Nos estandes da DASC e SEBEC, os funcionários puderam ter orientações acerca da prevenção de doenças e higienização. Ainda com o foco na saúde, alunos do curso de Enfermagem da UEL realizaram a medição de pressão arterial e alertaram a comunidade universitária para a prevenção de doenças como hepatite, tuberculose e câncer de mama.
A novidade nesta terceira edição do Dia do Servidor na universidade ficou por conta da Mostra de Talentos da UEL, inserida pela primeira vez na programação. Ao longo do dia, professores e funcionários mostraram suas habilidades artísticas, como foi o caso da cantora Jemima Lima Fernandes, da Rádio UEL FM, que soltou a voz no palco montado no Ginásio João Santana. Durante o dia, também houve exposições de artesanatos, pinturas e fotografias de autoria de servidores, entre outros tipos de arte.
Para viabilizar o evento, os servidores realizaram um revezamento em suas funções com os colegas de trabalho, para que as atividades da Universidade não sofressem interrupções. Aguinaldo Silva, funcionário da segurança da UEL há dois anos, não havia participado das edições anteriores e compareceu ao ginásio para conferir o evento. “É uma forma de a universidade valorizar o seu servidor, porque sem ele tudo pára de funcionar. Uma homenagem mais que justa”, disse o segurança. Silva disse ainda que pretende participar de edições futuras e aproveitar os benefícios oferecidos, como as orientações sobre a situação de emprego prestadas pela PRORH no local.
A Coordenadoria de Comunicação Social pretende fazer do evento uma data lembrada e aproveitada pelos servidores ao longo dos anos. “Pretendemos trazer mais atividades, para que o evento vá se consolidando ao longo do tempo, com a participação de outras empresas que trarão mais atrativos para que os servidores possam aproveitar esta data”, disse a relações públicas Lourdes Marchesine.

Wednesday, October 5, 2011

Novo sistema de transporte coletivo pode ser implantado em Londrina sem a figura do cobrador

Motoristas não precisariam realizar a dupla função de dirigir e cobrar passagens

Por Flávia Cheganças


A decisão sobre a extinção do cargo de cobrador nos ônibus, autorizada pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), foi adiada para o começo de dezembro. O adiamento da definição aconteceu depois de negociações entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), o Ministério Público (MP), a CMTU e Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon).

O presidente do Sinttrol, João Batista da Silva, afirma que há uma proposta do MP para implantar um novo modelo de trabalho nos ônibus em Londrina, para que se possam agrupar os interesses do sindicato, empresas, trabalhadores e, também, do município. “Já visitamos algumas cidades, como Sorocaba, que foi o primeiro município a suprimir a figura do cobrador e que em seu lugar foi contratado um ‘Agente de bordo’. Ele é uma espécie de comissário que orienta idosos, crianças e cadeirantes. Não existe pagamento de tarifa com dinheiro, apenas passe de ônibus e cartão, desse modo o condutor do veículo não exerce dupla função”, diz Batista.

Bauru também é uma cidade que extinguiu por completo o papel do cobrador, mas a cobrança da tarifa é feita pelo motorista, o que está acarretando transtornos, afirma o presidente do sindicato. “Há invasões de passageiros, diminuição do número de pagantes, e a categoria está ficando com mais problemas de saúde do que é ‘normal’ na atividade. São doenças de origem neurológica, circulatória e até síndrome do pânico e depressão”, completa.

Além disso, as duas empresas que operam em Londrina, têm condições de saber on-line em que ponto do seu itinerário o ônibus está trafegando em determinado momento. Se acontecer algum imprevisto, há um recurso de botões para alertar o sistema. “Isso, por um lado é ótimo, pois permite uma fiscalização eficaz sobre o trabalhador que opera o sistema, mas por outro lado coloca o motorista sob uma tensão e concentração constante, desse modo se ele tiver que controlar o embarque e desembarque de passageiros afetará ainda mais sua condição de saúde”, diz Batista.

Mobilização

Para impedir a demissão dos cobradores o Comitê pelo passe livre, redução da tarifa, e estatização do transporte coletivo aderiu à causa dos trabalhadores, realizando 3 manifestos no Terminal Central de Londrina, e um protesto junto com a Marcha dos Excluídos no desfile de 7 de setembro. “Quando o Sindicato afirma que vão realocar os cobradores de lugar estão fazendo uma premissa para, posteriormente e gradualmente, demitir outros cargos, mas não com a essa nomenclatura. Já foram demitidos quatro cobradores, sendo assim a gente não acredita nesses depoimentos, e por isso estamos aqui, para fortalecer a luta dos trabalhadores de transportes públicos”, diz a estudante de Serviço Social e membro do comitê, Ana Elise Barbosa, 21.

Batista rebate as acusações dizendo que essas demissões foram “casos isolados”, mas que não caíram bem para as empresas, visto que eles tinham acabado de afirmar nem um trabalhador seria demitido, apenas remanejado. O presidente diz que o Sinttrol averiguou os casos, e elas eram proeminentes, além disso, na mesma semana foram contratados 10 novos cobradores, segundo afirmou o presidente.

Ele defende que a postura da CMTU teria fins políticos. “Isso fica claro para nós do sindicato, através do comportamento da CMTU, em não aceitar um prazo mais elástico para o debate dessa questão. O desejo da prefeitura é fazer um capital político eleitoral, porque em janeiro haverá reajuste tarifário e o prefeito quer manter o valor da tarifa inalterado, ou até subsidiar um pouco mais”, completa. O presidente do Sinttrol ainda afirma que Londrina não está em condições de subsidiar preços de nenhuma taxa nesse momento, visto que a saúde pública está em um caos geral, as avenidas e ruas estariam em situações precárias e a prefeitura diz não ter recursos para esses serviços.

Segundo um cobrador que não quis se identificar temendo represálias, considera a decisão da CMTU uma “palhaçada” e define as ações do sindicato como ‘’fracas’’, pois assim como ele outros funcionários são pais de família e muitas vezes a único meio de renda para sustentar a casa. Para ele, as demissões de seus colegas de trabalho foram feitas por “debaixo dos panos” e que o Sinttrol já deveria ter entrado com uma ação judicial.

O sindicato tem um Acordo Coletivo de trabalho que garante até dia 31 de dezembro de 2012 a ausência de cobradores nos transportes diariamente das 19h às 5h e aos domingos e feriados. “Dessa forma se não houver um consenso para determinar um modelo que seja aceitável para a cidade até 5 de dezembro e se esse acordo for quebrado acontecerá um confronto judicial e até mesmo uma greve, pois os cobradores e motoristas estão dispostos a paralisar a circulação dos transportes coletivos caso isso aconteça “, completa o presidente do Sinttrol.

Tuesday, October 4, 2011

Lago Igapó ainda tem poluição

Considerado cartão-postal de Londrina, o lago Igapó, apesar de inegável melhoria nos últimos anos, ainda sofre com poluição e descaso, tanto da população como do governo municipal.

Por Adriana Gallassi

Entre reformas e revitalizações, o lago Igapó ficou mais atrativo e passou a ser mais frequentado pela população. O lixo visivelmente diminuiu, porém a poluição que não se enxerga, nem tanto.
Segundo o ambientalista João Batista Moreira Souza, o “João das Águas”, o sistema de drenagem de Londrina está na origem do problema da poluição, não só do lago Igapó, mas dos rios da cidade como um todo. Ele explica que, tudo que entra pelo bueiro chegará ao rio e, portanto, todo bueiro deve ter um sistema de captação de resíduos e uma equipe de limpeza para garantir que o lixo não o obstrua. Tanto o sistema de captação, quanto a equipe de limpeza são ausentes em Londrina. Desse modo, toda sujeira e lixo que estão nas cidades se concentram nos rios.
O ambientalista ensina também que, simples atos como não jogar lixo nas ruas e recolher as fezes dos animais contribuem para que os rios não sejam poluídos, mas não é o suficiente. Isso porque existe uma forma pouco conhecida de poluição urbana, a poluição difusa, que é apontada por João das Águas como a grande vilã dos rios urbanos. Ela acontece nos primeiros minutos da chuva e tem propriedades físico-químicas piores que as do esgoto doméstico. Esta é constituída por óleos de carro, desgaste de pneus que ficam no asfalto, desgaste do próprio asfalto, tinta de imóveis e dejetos de animais. Quando chove, toda a poluição da área urbana, impermeabilizada pelo asfalto, é levada pela água da chuva até os rios.
“O rio não é somente o seu leito, o rio é a microbacia, e a microbacia é a cidade”, afirma Souza. Portanto, a solução para a preservação de rios não pode ser pontual. Precisa de adequações na cidade como um todo. Além de ser um esforço não só do poder público, e sim deste, aliado à população, ressalta Souza. Para conter a poluição difusa, por exemplo, é necessária a readequação da cidade com áreas nas quais a água da chuva possa permear o solo, que é um filtro natural, e chegar limpa aos rios.
Consoante o secretário do Meio Ambiente, José Faraco, a secretaria preserva o lago Igapó revitalizando a mata ciliar. Pois, segundo o secretário, a mata ciliar serve de barreira para a poluição, evita a erosão, contribui para o paisagismo, e ainda custa pouco aos cofres públicos. “Ás vezes ficam discutindo sofisticações, se a gente só fizer o básico, por exemplo, plantar árvores em locais de declive (...) já é o essencial”, afirma Faraco. Para ele, “não deixar aumentar a poluição já, mundialmente, é uma atitude louvável, mas a gente está tentando até diminuir um pouco os níveis de poluição”, completa o secretário. Faraco não fornece dados das autuações e tipos de poluição que ocorrem no lago Igapó, ele fixa que são problemas pontuais e que a secretaria não tem problemas frequentes.


Diferencial de Londrina

A cidade de Londrina possui 84 córregos na área urbana, dado excepcional e que aponta para a grande necessidade de cuidado com o meio ambiente que a cidade precisa ter. É essa grande quantidade de córregos e o relevo da cidade que evita as enchentes, pois a água da chuva não se concentra em um ponto apenas, mas é bem distribuída. Além disso, a cidade é jovem e tem poucas indústrias, fato que colabora para a readaptação da cidade voltada à preservação ambiental.

Na prática

Para o ambientalista, a preservação é um processo educacional e não consiste, apenas, em ensinar o que é certo e errado, e sim atrelar a população ao meio ambiente por meio de políticas públicas. “Precisa envolver as pessoas, a partir do momento em que ela gostar, vai ser mais um parceiro na luta”, afirma Souza.