Tuesday, October 4, 2011

Lago Igapó ainda tem poluição

Considerado cartão-postal de Londrina, o lago Igapó, apesar de inegável melhoria nos últimos anos, ainda sofre com poluição e descaso, tanto da população como do governo municipal.

Por Adriana Gallassi

Entre reformas e revitalizações, o lago Igapó ficou mais atrativo e passou a ser mais frequentado pela população. O lixo visivelmente diminuiu, porém a poluição que não se enxerga, nem tanto.
Segundo o ambientalista João Batista Moreira Souza, o “João das Águas”, o sistema de drenagem de Londrina está na origem do problema da poluição, não só do lago Igapó, mas dos rios da cidade como um todo. Ele explica que, tudo que entra pelo bueiro chegará ao rio e, portanto, todo bueiro deve ter um sistema de captação de resíduos e uma equipe de limpeza para garantir que o lixo não o obstrua. Tanto o sistema de captação, quanto a equipe de limpeza são ausentes em Londrina. Desse modo, toda sujeira e lixo que estão nas cidades se concentram nos rios.
O ambientalista ensina também que, simples atos como não jogar lixo nas ruas e recolher as fezes dos animais contribuem para que os rios não sejam poluídos, mas não é o suficiente. Isso porque existe uma forma pouco conhecida de poluição urbana, a poluição difusa, que é apontada por João das Águas como a grande vilã dos rios urbanos. Ela acontece nos primeiros minutos da chuva e tem propriedades físico-químicas piores que as do esgoto doméstico. Esta é constituída por óleos de carro, desgaste de pneus que ficam no asfalto, desgaste do próprio asfalto, tinta de imóveis e dejetos de animais. Quando chove, toda a poluição da área urbana, impermeabilizada pelo asfalto, é levada pela água da chuva até os rios.
“O rio não é somente o seu leito, o rio é a microbacia, e a microbacia é a cidade”, afirma Souza. Portanto, a solução para a preservação de rios não pode ser pontual. Precisa de adequações na cidade como um todo. Além de ser um esforço não só do poder público, e sim deste, aliado à população, ressalta Souza. Para conter a poluição difusa, por exemplo, é necessária a readequação da cidade com áreas nas quais a água da chuva possa permear o solo, que é um filtro natural, e chegar limpa aos rios.
Consoante o secretário do Meio Ambiente, José Faraco, a secretaria preserva o lago Igapó revitalizando a mata ciliar. Pois, segundo o secretário, a mata ciliar serve de barreira para a poluição, evita a erosão, contribui para o paisagismo, e ainda custa pouco aos cofres públicos. “Ás vezes ficam discutindo sofisticações, se a gente só fizer o básico, por exemplo, plantar árvores em locais de declive (...) já é o essencial”, afirma Faraco. Para ele, “não deixar aumentar a poluição já, mundialmente, é uma atitude louvável, mas a gente está tentando até diminuir um pouco os níveis de poluição”, completa o secretário. Faraco não fornece dados das autuações e tipos de poluição que ocorrem no lago Igapó, ele fixa que são problemas pontuais e que a secretaria não tem problemas frequentes.


Diferencial de Londrina

A cidade de Londrina possui 84 córregos na área urbana, dado excepcional e que aponta para a grande necessidade de cuidado com o meio ambiente que a cidade precisa ter. É essa grande quantidade de córregos e o relevo da cidade que evita as enchentes, pois a água da chuva não se concentra em um ponto apenas, mas é bem distribuída. Além disso, a cidade é jovem e tem poucas indústrias, fato que colabora para a readaptação da cidade voltada à preservação ambiental.

Na prática

Para o ambientalista, a preservação é um processo educacional e não consiste, apenas, em ensinar o que é certo e errado, e sim atrelar a população ao meio ambiente por meio de políticas públicas. “Precisa envolver as pessoas, a partir do momento em que ela gostar, vai ser mais um parceiro na luta”, afirma Souza.

No comments:

Post a Comment