Sebo Capricho possui o maior acervo da cidade, com cerca de 400 mil obras
Por Pamela Oliveira
Em 1970 surgia a “Banca Amiga”, embrião de um dos maiores sebos de Londrina e região, o Sebo Capricho. Atualmente, seu acervo possui cerca de 400 mil produtos, que variam de livros e revistas à CDs e DVDs, novos e usados.
Antônio Bastos é seu fundador e proprietário, estando à frente do negócio há mais de 40 anos, quando assumiu a banca de revistas que seu pai comprara: “saí da zona rural com 18 anos para trabalhar na banca de revistas de meu pai. Na época, ele chegou a Londrina e não conseguiu emprego, então comprou a banca. Quando voltou para nossas terras, eu vim trabalhar no lugar dele”, conta Antônio.
Segundo ele, Londrina sentia falta de um local que trouxesse a variedade de livros que um sebo pode trazer, por ser um local em que a dinâmica de compra e venda de produtos é muito grande. “Eu trabalhava com usados na minha banca e cansava de ouvir o povo dizer que Londrina precisava ter um sebo e não tinha. O povo gosta de sebo, a idéia de abrir a loja surgiu daí”, diz o proprietário.
Bastos conta que fundou a primeira loja em 1997, com um de seus filhos como responsável. Depois do sucesso do primeiro sebo da cidade, ele ainda abriu mais duas lojas. Em 2000, fechou a banca e passou a se dedicar somente a loja, mantendo apenas duas.
A loja principal é localizada à Rua Minas Gerais, no centro da cidade. Segundo um de seus funcionários, Wanderlei Bueno, 46 anos, o público que frequenta o sebo é o mais variado, de intelectuais a analfabetos. Para ele, essa variedade é explicada pela diversidade do acervo que a loja possui. “Há pessoas de alto nível social e educacional e também há aqueles que não sabem ler, que vêm olhar, procurar, perguntar”, afirma. Mesmo com essa grande diversidade, professores e estudantes estariam entre os mais assíduos, em destaque para os cursos de direito, engenharia e economia.
Ainda assim, o que se percebe é que a população londrinense não possui o hábito da leitura. Segundo Bastos, o preço dos livros é caro geralmente e, talvez, esse seja um dos motivos para uma procura menor do que se espera, já que Londrina é uma cidade com referência em universidades e escolas. Para ele, isso faz com que a cidade não possua grandes livrarias – maior número de volumes e variedade em assuntos.
A diversidade encontrada no sebo deve-se à intensa compra e venda de livros. Bastos conta que uma de suas maiores aquisições foi o acervo pessoal do ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Londrina, José Hosken de Novaes. Sua esposa vendeu ao sebo a biblioteca do ex-prefeito em 2006, quando ele faleceu. O acervo contava com cerca de 12 mil obras.
Essas e outras compras fazem com que os sebos tenham uma diferença para as livrarias comuns: a presença de livros raros e antigos. “Os livros raros são aqueles que você não possui constantemente. No começo, possuíamos mais desses livros, mas eles passam muito rápido por aqui: entram e já saem. É muito dinâmico, o dia inteiro tem um giro de pessoas e de livros circulando”, diz Bueno.
O funcionário ainda afirma que, hoje em dia, a procura por livros antigos passou a ser menor, mas, que com os livros sendo catalogados para o sebo on-line, isso deve mudar. Segundo Bueno, a segunda loja, localizada na Praça Sete de Setembro, já estaria no sistema on-line por completo, enquanto na loja principal, essa catalogação está em andamento. Para ele, o sebo esta entrando nesse sistema para competir também com os sebos on-line, que são acessíveis a um público maior.
Anísio Zamir, 74 anos, diz ser cliente do sebo por encontrar as revistas que procura somente neste local. “Eu me interesso por exposição e montaria de gado. Vim comprar revista de exposição de cavalos, em lojas comuns não tem para vender”, explica.
Anísio Zamir, 74 anos, diz ser cliente do sebo por encontrar as revistas que procura somente neste local. “Eu me interesso por exposição e montaria de gado. Vim comprar revista de exposição de cavalos, em lojas comuns não tem para vender”, explica.
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