Wednesday, September 21, 2011

Diversidade e história traz o sebo mais antigo de Londrina


Sebo Capricho possui o maior acervo da cidade, com cerca de 400 mil obras
Por Pamela Oliveira
 
Em 1970 surgia a “Banca Amiga”, embrião de um dos maiores sebos de Londrina e região, o Sebo Capricho. Atualmente, seu acervo possui cerca de 400 mil produtos, que variam de livros e revistas à CDs e DVDs, novos e usados.
Antônio Bastos é seu fundador e proprietário, estando à frente do negócio há mais de 40 anos, quando assumiu a banca de revistas que seu pai comprara: “saí da zona rural com 18 anos para trabalhar na banca de revistas de meu pai. Na época, ele chegou a Londrina e não conseguiu emprego, então comprou a banca. Quando voltou para nossas terras, eu vim trabalhar no lugar dele”, conta Antônio.
Segundo ele, Londrina sentia falta de um local que trouxesse a variedade de livros que um sebo pode trazer, por ser um local em que a dinâmica de compra e venda de produtos é muito grande. “Eu trabalhava com usados na minha banca e cansava de ouvir o povo dizer que Londrina precisava ter um sebo e não tinha. O povo gosta de sebo, a idéia de abrir a loja surgiu daí”, diz o proprietário.

Bastos conta que fundou a primeira loja em 1997, com um de seus filhos como responsável. Depois do sucesso do primeiro sebo da cidade, ele ainda abriu mais duas lojas. Em 2000, fechou a banca e passou a se dedicar somente a loja, mantendo apenas duas.
A loja principal é localizada à Rua Minas Gerais, no centro da cidade. Segundo um de seus funcionários, Wanderlei Bueno, 46 anos, o público que frequenta o sebo é o mais variado, de intelectuais a analfabetos. Para ele, essa variedade é explicada pela diversidade do acervo que a loja possui. “Há pessoas de alto nível social e educacional e também há aqueles que não sabem ler, que vêm olhar, procurar, perguntar”, afirma. Mesmo com essa grande diversidade, professores e estudantes estariam entre os mais assíduos, em destaque para os cursos de direito, engenharia e economia.
Ainda assim, o que se percebe é que a população londrinense não possui o hábito da leitura. Segundo Bastos, o preço dos livros é caro geralmente e, talvez, esse seja um dos motivos para uma procura menor do que se espera, já que Londrina é uma cidade com referência em universidades e escolas. Para ele, isso faz com que a cidade não possua grandes livrarias – maior número de volumes e variedade em assuntos.
A diversidade encontrada no sebo deve-se à intensa compra e venda de livros. Bastos conta que uma de suas maiores aquisições foi o acervo pessoal do ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Londrina, José Hosken de Novaes. Sua esposa vendeu ao sebo a biblioteca do ex-prefeito em 2006, quando ele faleceu. O acervo contava com cerca de 12 mil obras.
Essas e outras compras fazem com que os sebos tenham uma diferença para as livrarias comuns: a presença de livros raros e antigos. “Os livros raros são aqueles que você não possui constantemente. No começo, possuíamos mais desses livros, mas eles passam muito rápido por aqui: entram e já saem. É muito dinâmico, o dia inteiro tem um giro de pessoas e de livros circulando”, diz Bueno.
O funcionário ainda afirma que, hoje em dia, a procura por livros antigos passou a ser menor, mas, que com os livros sendo catalogados para o sebo on-line, isso deve mudar. Segundo Bueno, a segunda loja, localizada na Praça Sete de Setembro, já estaria no sistema on-line por completo, enquanto na loja principal, essa catalogação está em andamento. Para ele, o sebo esta entrando nesse sistema para competir também com os sebos on-line, que são acessíveis a um público maior.

Anísio Zamir, 74 anos, diz ser cliente do sebo por encontrar as revistas que procura somente neste local. “Eu me interesso por exposição e montaria de gado. Vim comprar revista de exposição de cavalos, em lojas comuns não tem para vender”, explica.

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