Wednesday, September 28, 2011

Infestação diminuiu no inverno, diz levantamento

Por Ana Maria Simono

Adriana Gonçalves, 28 anos, é uma das coordenadoras da dengue e trabalha nessa função há quatro anos. De acordo com ela, de julho a setembro de 2011, o número de focos encontrados pela equipe nos imóveis diminuiu. “Não temos encontrado tanto foco devido ao inverno e a um breve período sem chuvas. Mas, com o calor, basta chover que encontraremos larvas ou pupas do mosquito, principalmente nos fundos de vale que as pessoas utilizam para jogar lixo. Essa é uma preocupação de toda a equipe”, afirma. A criação do mosquito passa por três fases: a fêmea põe o ovo, que se transforma em larva, depois pupa, para finalmente nascer o mosquito.

De 1º a 5 de agosto, foi elaborado o segundo Levantamento Rápido do índice de Infestação do Aedes Aegypti (LIRA) em Londrina. Segundo Elson Belisário, coordenador de endemias da Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 8 mil residências foram vistoriadas, abrangendo 178 localidades urbanas, mas, devido ao período do inverno, houve uma queda na infestação do mosquito. Os dados obtidos revelaram que a média do índice de infestação predial no município corresponde a 0,3%, dentro do nível considerado satisfatório pela pesquisa. O nível caiu bastante em relação ao primeiro LIRA, realizado em abril de 2011, que registrava 0,87%.

Ainda de acordo com dados do levantamento, a maior frequência percentual de focos esteve em depósitos móveis, como vasos, pratos, frascos de plantas e bebedouros de animais. Na segunda posição ficou o lixo, com recipientes plásticos, latas e garrafas.

A situação é, sob certo ponto de vista, contrastante: ao mesmo tempo em que o número de casos autóctones confirmados na cidade supera os dados da epidemia de 2003, o LIRA diminui; segundo Elson Belisário, isso acontece porque a maior parte dos casos autóctones computados corresponde aos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2011, quando os índices ainda refletiam a epidemia do segundo semestre de 2010. O 1º LIRA representa parte dessa transição. O 2º, realizado em agosto, é também – e não apenas porque se trata de um período em que a dengue está controlada - reflexo do inverno, período geralmente não muito propício ao desenvolvimento do mosquito.

A agente Célia Maria dos Anjos, 41 anos, explicou que, nos períodos de epidemia, ela e outros agentes trabalhavam inclusive recolhendo lixo do quintal de algumas casas e terrenos baldios, já que se tratavam de locais extremamente propícios à proliferação do mosquito. “O problema- disse ela - é que muitas vezes as pessoas começam a achar que recolher o lixo é uma obrigação nossa, e isso não é verdade. O nosso trabalho é fazer vistorias e alertar a população sobre a doença, esclarecendo suas dúvidas e atentando para algumas situações de risco. Pegar lixo nos arrastões é uma medida que a gente se dispôs a fazer para ajudar nos casos de controle da epidemia”.

Nice Gôngora, 57 anos, está no cargo há cerca de 10 meses e é a agente mais velha da equipe. Ela explicou como funciona o trabalho -“quando encontramos foco, o procedimento é recolher a larva ou a pupa com a pipeta, colocá-las no álcool e mandar para o pessoal do laboratório. Tudo etiquetado: número de larvas e pupas, identificação, localização”- e também falou das dificuldades que encontra - “o sol é um dos fatores que mais incomoda. Precisamos beber sempre muita água, porque andar 8 horas por dia com esse calor não é fácil. Alguns moradores se recusam a permitir nossa entrada nas residências, e nessas situações procuramos conversar e explicar melhor o nosso trabalho. Se o caso não é resolvido, comunicamos ao coordenador, mas, na maioria das vezes, as pessoas nos acolhem bem”.

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