Wednesday, September 28, 2011

Londrina concentra 25% dos casos confirmados de dengue no Paraná

O coordenador de endemias Elson Belisário explicou a situação do município e destacou a importância das práticas preventivas para o controle da dengue

Por Ana Maria Simono

A Secretaria da Saúde divulgou, em julho, um informe apresentando relatórios de supervisão dos 65 municípios considerados prioritários no Estado do Paraná, que já apresenta 28.511 casos autóctones (casos em que os pacientes foram contaminados no Estado) confirmados da doença e 14 óbitos.

Em Londrina, o boletim epidemiológico apresentado apontou 7.383 casos autóctones confirmados de janeiro a setembro de 2011, superando os números de 2003, quando a cidade computou 7.371 casos em todo o ano e registrou sua pior epidemia.

Os dados, que envolvem a análise de 71 municípios do Paraná, mostram que Londrina concentra, sozinha, 25.89% dos casos de todo o Estado. “A preocupação com a dengue é grande, porque a cidade já tem quatro óbitos e 47 casos graves registrados, e ainda estamos no mês de setembro”, afirmou Elson Belisário, coordenador de endemias da Secretaria de Saúde de Londrina.

“Temos uma população em Londrina que já contraiu a doença em função da epidemia de 2003. Se houver uma segunda contaminação, há um risco maior de se desenvolver, no município, as formas mais graves da dengue. Por isso, todos os tipos de prevenção e controle são importantes”, disse ele.

Para a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, a maioria dos relatórios abordados sobre a dengue tem algum tipo de problema de gestão no controle adequado da doença, e as principais causas dessa epidemia são a negligência da população quanto às medidas de prevenção e a falta de agentes de combate ao mosquito vetor.

Agentes

Em junho deste ano, a Promotoria de Defesa da Saúde Pública de Londrina encaminhou uma recomendação administrativa à Secretaria Municipal de Saúde pedindo a contratação de mais 41 agentes de endemias para que o número de funcionários chegasse ao ideal de 230 agentes, mas as chamadas do processo seletivo realizado em abril não tiveram muito sucesso. Desde então, o município perdeu mais 13 agentes. De acordo com Belisário, “a rotatividade no controle de endemias é muito grande porque o trabalho é difícil, cansativo e, além disso, o contratado não é efetivo da prefeitura, trabalha apenas por um tempo determinado.”

Segundo ele, a prefeitura ainda realiza convocações do teste seletivo realizado para tentar suprir a falta em seu quadro de funcionários, mas o desfalque continua grande. “O teste foi realizado há meses, então boa parte das pessoas que o fizeram já estão empregadas. Às vezes, a prefeitura chama dez funcionários, mas apenas quatro aparecem”, relata o coordenador de endemias.

Quando questionado a respeito do fato de os números de 2011 superarem os dados da epidemia de 2003, o coordenador de endemias atribuiu as principais causas à questão da falta de profissionais e ao clima. “No ano passado, vivíamos uma situação de contratação de profissionais através de empresas terceirizadas. Houve então uma investigação policial e verificou-se que durante alguns meses Londrina praticamente não possuía funcionários de combate à dengue trabalhando. Desde o segundo semestre de 2010 até fevereiro de 2011 tivemos uma situação mínima de profissionais. Também janeiro e fevereiro de 2011 foram meses muito quentes e de muita chuva, e o fator clima acabou interferindo na proliferação do mosquito Aedes aegypti”, explicou. A fêmea do mosquito Aedes aegypti é uma das principais transmissoras da dengue, embora não seja a única. Não é qualquer mosquito Aedes aegypti, entretanto, que transmite a doença; a fêmea deve estar infectada pelo vírus.

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